Foi aos 16 anos, enquanto jogava uma partida de sinuca, que Marco Antônio Zenaro deu o passo que mudaria sua vida. Rodeado pelos “amigos”, ele foi incentivado a dar sua primeira tragada. “Depois desse dia, comecei a fumar”, relembra com um evidente desânimo na voz. Dali em diante, o processo foi crescente. De dois ou três cigarros por dia, logo saltou para um maço.
Foi aos 16 anos, enquanto jogava uma partida de sinuca, que Marco Antônio Zenaro deu o passo que mudaria sua vida. Rodeado pelos “amigos”, ele foi incentivado a dar sua primeira tragada. “Depois desse dia, comecei a fumar”, relembra com um evidente desânimo na voz. Dali em diante, o processo foi crescente. De dois ou três cigarros por dia, logo saltou para um maço.
O vício também comprometeu seu desempenho no trabalho. De tempos em tempos, o autônomo pausava suas atividades para sair de um ambiente com outras pessoas para ir até uma área isolada. Quando estava sentado e precisava se levantar depressa, “apareciam várias estrelinhas na minha frente”, descreve.
Problema global
De acordo com dados divulgados em maio deste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje há no mundo aproximadamente 1,1 bilhão de fumantes. Destes, quase 80% estão concentrados em nações de renda média ou baixa. A China lidera o ranking dos países com o maior número de adeptos do tabaco: 300 milhões de pessoas.
O Brasil figura na 34ª posição em uma lista de 149 nações analisadas pela entidade. Ao longo das últimas duas décadas, conseguiu diminuir o número de fumantes graças às políticas adotadas pelo governo, como a elevação de impostos sobre o produto e as campanhas de conscientização sobre seus malefícios, como é possível ver nas embalagens que chegam às mãos dos consumidores.
O relatório WHO global report on trends in prevalence of tobacco smoking 2000-2025, publicado em 2018 pela OMS, traz um panorama da redução do número de fumantes em todo o mundo. Em 2000, 27% da população do planeta fez uso do tabaco. Em 2016, a porcentagem caiu para 20%.
Esforços contra o tabagismo
Mesmo assim, os números estão aquém do esperado. Por isso, governos, organizações da sociedade civil e iniciativas independentes têm buscado oferecer meios para ajudar quem deseja vencer o tabaco e voltar a ter qualidade e maior expectativa de vida, já que para homens com esse vício a redução pode chegar a aproximadamente 12 anos, enquanto que para as mulheres a perda é de cerca de 10 anos.
No Brasil, por exemplo, quem deseja abandonar o cigarro pode receber atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais e unidades básicas de saúde. A proposta faz parte do Programa Nacional de Controle do Tabagismo e conta com acompanhamento médico, grupo de apoio e medicamentos que contribuem para inibir a prolongação da dependência.
Historicamente, os adventistas do sétimo dia se tornaram conhecidos em todo o mundo por seu estilo de vida e cuidado com a saúde. Dentre suas práticas mais difundidas – e que são enfatizadas há mais de 100 anos – estão a abstinência do álcool e do tabaco, que no início do século XX já eram considerados pela denominação como nocivos às esferas física, mental e espiritual.
Ao longo das últimas décadas, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem apoiado quem deseja vencer o cigarro. Oferecido gratuitamente, o curso Como parar de fumar em cinco dias já ajudou milhares de pessoas a conseguir viver sem ele. Depois de anos de associação com o tabaco e algumas tentativas de eliminá-lo de seu histórico, Marco Antônio Zenaro recebeu um convite que, uma vez mais, mudaria sua vida – embora ele não estivesse certo de que isso aconteceria naquela ocasião.
Rumo à liberdade
O folder entregue por sua sogra o deixou pensativo. “Eu não queria ir à igreja”, relembra Zenaro, um religioso não praticante. Porém, a insistência da esposa o impulsionou a frequentar ao menos uma das reuniões. Ele não se recorda exatamente do ano, mas calcula que deveria ser entre 1998 e 1999, quando consumia dois maços de cigarro por dia.
No primeiro encontro, as imagens apresentadas em uma televisão o impactaram profundamente. “Mostraram como ficava o corpo e a pele de pessoas que fumavam. Eram magras e apareciam os ossos no rosto”, descreve. Naquela época, a mídia ainda exibia propagandas que mostravam o fumante como alguém aventureiro e cheio de liberdade, nunca revelando o verdadeiro efeito que o tabaco causava no organismo e na fisionomia. “Eu pensei: Mas será que o cigarro faz isso aí mesmo? Se ele faz, então tenho que parar de fumar.”
As palestras, acompanhamento médico e uma substância que recebeu para fazer gargarejo o ajudaram a enfrentar os obstáculos impostos pelo vício. Depois de usar o líquido, o cigarro tinha outro gosto, o que lhe gerou repulsa. Depois daquele dia, enfrentou os efeitos naturais – e momentâneos – da abstinência, e nunca mais fumou. E de lá pra cá já são mais de 20 anos.
Novos tempos
Agora, a Igreja Adventista passa a oferecer uma nova versão de seu curso antitabagismo. Intitulado Jornada para parar de fumar, trata-se um guia que poderá ser usado por médicos e uma equipe multidisciplinar não apenas para orientar os participantes, mas principalmente para que esses tenham um contato mais efetivo com o programa oferecido nos templos locais.
“A forma como você orienta a pessoa a parar de fumar mudou”, justifica o oncologista Rogério Gusmão, diretor do departamento de Saúde da Igreja Adventista para oito países sul-americanos. De acordo com ele, a proposta é oferecer um acompanhamento mais pessoal e longo àqueles que optam por deixar o tabaco. “O estudo de como mudar um hábito evoluiu muito nos últimos anos. Então o fumante precisa conhecer a si mesmo.”
O objetivo é também formar grupos de apoio que deem continuidade ao atendimento para ajudar a pessoa a evitar sofrer uma recaída.
Se você quiser mais informações sobre a Jornada para parar de fumar e acesso à apostila e outras ferramentas, é só clicar aqui.
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