Aproximadamente, 50 milhões de pessoas no mundo lidam com a epilepsia, que é uma condição neurológica crônica.
Os sintomas decorrentes desta síndrome são as crises epilépticas, que para exemplificar, acontecem como num curto circuito.
Assim, os impulsos elétricos comunicam-se de um lado com o outro, até que acontece uma descarga cerebral fora do normal, desordenada e dessincronizada.
Para entender melhor essa condição de saúde, conversamos com o doutor Valter Felau, Neurocirurgião e Cirurgião de Coluna.
Atualmente, Felau está à frente da coordenação da Neurocirurgia no Hospital Regional Sul, em Santo Amaro, e atua como preceptor em residência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Confira a conversa.
Qual a definição de epilepsia?
A epilepsia ocorre quando há perturbação da atividade das células nervosas no cérebro, causando convulsões.
Ela pode ocorrer como resultado de um distúrbio genético ou de uma lesão cerebral adquirida, como traumatismo ou acidente vascular cerebral.
A epilepsia pode ser mais um sintoma de outras doenças?
Sim. Mas é bom lembrar que a epilepsia é um distúrbio, que causa a crise convulsiva. Portanto, o mais correto a afirmar é que a crise convulsiva é um sintoma de outras doenças.
Porém, uma só convulsão não significa epilepsia. É necessário pelo menos dois episódios de convulsão não provocada por outras causas, além de outros sintomas, antes de poder diagnosticar a doença.
Quais são as diferentes crises epilépticas?
Existem as crises generalizadas e as focais. As generalizadas são as mais comuns, onde há enrijecimento do corpo, virada de cabeça e olhos, movimentação dos braços e pernas e salivação espumosa.
Já nas crises focais, acontecem tremores na face ou em outras partes do corpo, mudança de humor, perda de memória, distúrbios sensoriais e mal-estar.
O que fazer se a crise não passar em poucos minutos?
É importante observar quanto tempo a crise convulsiva vai durar. Se a pessoa convulsionar por mais de cinco minutos, ou tem uma crise menor que esse tempo, mas logo volta a convulsionar, é necessário chamar uma ambulância para que leve esse paciente para um pronto-socorro.
Essas crises prolongadas devem ser atendidas com urgência, antes que ocorra uma lesão cerebral.
É possível viver uma vida “normal” com essa doença?
Sim, é possível. Nem todos os casos de epilepsia duram toda a vida e muitas pessoas melhoram ao ponto de deixarem de necessitar de tratamento.
Importante ressaltar que a ocorrência de crises pode ser evitada e controlada com medicação em cerca de 70% dos casos.
Para aqueles que não respondem à medicação, pode-se considerar cirurgia, neuroestimulação ou alterações na dieta.
Por Mauren Fernandes, jornalista.
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