Isolamento social: como lidar com os impactos na mente?

O isolamento social é a melhor atitude para frear o avanço do Covid-19. Mas como manter a saúde da mente durante os dias de confinamento?

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24 de março de 2020

Vivemos em um contexto de alerta diante da pandemia do coronavírus. As notícias falam sobre isolamento social e atitudes que não faziam parte da rotina. Nesse cenário, sentimentos de medo e ansiedade são muito comuns.

Com isso, devemos considerar, enquanto sociedade, que a saúde mental das pessoas é um aspecto importante que não pode ser negligenciado, e deve ser discutido e debatido de forma ampla nesses tempos de crise.

Isolamento social pode ter efeitos na saúde mental

De acordo com alguns estudos que relacionam contextos de emergência e isolamento social, é possível concluir que existem ocorrência de sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva quando o confinamento é uma das medidas tomadas.

No caso, tendo como estressores em potencial, o medo da infecção, sentimentos de frustração e tédio, perdas financeiras e desinformação e/ou informações confusas.

A partir do levantamento desses impactos psicológicos, uma preocupação importante se coloca: como identificar pensamentos, comportamentos e emoções disfuncionais que já poderiam estar próximos à ocorrência de problemas de saúde mental?

A resposta mais imediata para essa questão passa pela consideração de dois fatores principais. Primeiro, a freqüência de ocorrência desses sintomas.

E segundo, o grau de prejuízo que os mesmos geram na vida cotidiana do indivíduo, prejudicando seu bem-estar, qualidade de vida, e relacionamentos sociais.

Bom, para lidar com esses sentimentos, pensamentos e comportamentos disfuncionais associados ao isolamento social, abaixo estão algumas orientações que vão ajudar na sua saúde mental em meio ao confinamento por conta da pandemia.


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No isolamento social…

Pense

Sobre o que você está sentindo e tente reconhecer as emoções disfuncionais que você está experimentando.

Veja bem, é importante entender que sentir-se confuso, irritado ou ansioso é normal.

Mas quando esses sentimentos tomam conta do seu dia e prejudicam seus relacionamentos com familiares, amigos ou colegas de trabalho, já pode ser um sinal de alerta!

Busque

Por pessoas de confiança, com quem você possa compartilhar o que está sentindo. Com o isolamento social, os encontros estão restritos. Mas você pode usar a tecnologia ao seu favor!

Mesmo de forma online, converse com essas pessoas de confiança e abra o coração contando o que te incomoda.

Afinal, este é um momento sensível para todos. E, quem sabe, ao desabafar com um amigo e conversar sobre esses sentimentos vividos no isolamento social, você também não o ajude a enfrentar esta fase.

Questione

De forma crítica, questione as informações que você tem acessado. Para isso, cheque a fonte dessas informações, além de selecionar aquilo que você lê.

Além disso, faça uma reflexão sobre as informações que tem consumido em isolamento social. Se pergunte: “de que forma essa informação está me ajudando?”.

Ou ainda, “como fazer para melhorar diante de todo esse conteúdo que estou vendo?”.

Perguntas do tipo são ferramentas importantes para o enfrentamento de condições de mal-estar.

Por último, não compartilhe informações que geram alarme desnecessário. O fenômeno do Covid-19 não é só um fenômeno de saúde pública, mas também um fenômeno social.

Em outras palavras, isso envolve relações de comunicação. Podem existir prejuízos se as informações forem consumidas de forma distorcida ou em excesso.

Desenvolva

A autorresponsabilidade. Ou seja, você pode sentir-se mal diante de todo esse contexto, e tem o direito de falar sobre isso. Mas você também tem responsabilidades a cumprir.

Acima de tudo, comprometa-se consigo mesmo em ter uma atitude responsável, aderindo às recomendações públicas de saúde e de vigilância epidemiológica.

Cuide

Por fim, cuide de si e das pessoas que estarão com você – seja presencial ou online – neste isolamento social.

Desenvolva atitudes positivas e de confiança, ocupando o tempo livre com atividades produtivas, prazerosas, e que fortaleçam seus vínculos de afeto, compreendendo que esse cenário é passageiro.

Por Dra. Caroline Mota Branco Salles, psicóloga e Doutora em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde (UNB) e docente do Centro Universitário IESB.

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