Mãe culpada, quem nunca?

Você é uma mãe culpada, que está exausta por tentar acertar sempre e ser a melhor mãe que existe? Então precisamos falar sobre o esgotamento materno.

Marcela Borges

Enfermeira, mestre em Saúde Pública

28 artigos


5 de maio de 2022

Você sabe qual a receita para produzir uma mãe culpada? Os ingredientes são inúmeros, mas alguns são: expectativas frustradas, comparações com outras mães, múltiplas atividades, redes sociais maquiadas, relacionamentos tóxicos, etc.

As inúmeras atribuições impostas às mulheres com filhos, – ainda mais nesta sociedade da produtividade – revela viver uma maternidade em culpa para muitas delas.

E além da responsabilidade pela maternidade, sutilmente (e, muitas vezes, explicitamente) a mulher é pressionada no seu entorno a ser uma boa esposa, excelente profissional, pessoa preocupada com a autoimagem e desenvolvimento intelectual, ter uma vida social ativa e a por aí vai.

E claro, que ao tentar cumprir todos esses papéis, as mães descobrem que vivem sem tempo e que, infelizmente, é impossível fazer tudo o que deseja muito menos perfeitamente.

Como resultado de não conseguir tudo o que se espera, a mulher vive uma vida descontente, tornando-se a famosa “mãe culpada”, infeliz por nem sempre atingir o que se “esperam” dela, dentro de expectativas irreais da maternidade.

Diante disso, cansadas e culpadas, a grande maioria das mães gostariam de ter mais tempo ao lado dos filhos.

Mãe culpada e as pressões

Em uma pesquisa com mais de 5 mil mães brasileiras, 72% delas se sentem culpadas por trabalhar fora e quando questionadas se parariam de trabalhar, caso pudessem, 62% das mães responderam que sim.

Surpreendentemente, o se sentir como uma mãe culpada começa muito cedo: as mulheres sofrem por não ter o parto desejado, por não conseguir amamentar, por precisar introduzir fórmula, por não manter uma rotina adequada após o nascimento do bebê, por não conseguir oferecer a melhor dieta e por outras inúmeras cobranças.

Fora isso, algumas perguntas profundas rondam a mente da maior parte das mães:

  • Será que estou fazendo tudo certo?
  • Como ser uma mãe perfeita?
  • Como conciliar trabalho e tempo de qualidade para os filhos?
  • Por que não amo todos os momentos da maternidade?
  • O que irão pensar de mim por ter esquecido a atividade escolar?

Além de toda essa pressão e a busca por entregar o que as pessoas esperam, soma-se as mães uma tremenda exaustão.

De fato, sentir-se cansada é normal e até faz parte da vida agitada das mães com a missão de se doar, pois afinal isso é parte do amar!

Mommy burnout existe!

Mas quando a sensação de cansaço se torna constante, gerando estresse, desmotivação e problemas no cotidiano, é momento de refletir sobre as causas e consequências dessa exaustão

Afinal, o cansaço exagerado pode configurar um distúrbio psíquico, conhecido como “mommy burnout”, circunstância similar ao esgotamento profissional.

Mommy burnout é a síndrome de esgotamento na maternidade e, quando se chega a esse ponto, é preciso buscar ajuda e apoio profissional.

Mas alguns passos para a mudança são importantes, como conhecer os seus valores e saber quais quer passar para o seu filho.

Com toda a certeza, se a mulher está segura do que é importante, ela fica mais conectada consigo e com o filho, para criá-lo da melhor forma possível, sem esse sentimento de mãe culpada e cobrança externa.

E sem dúvida, os valores pautados no amor são o auge desta relação mãe e filho. Amor em atitude e não amor sentimental, tá!

Contudo, se lhe falta esse “amor-atitude”, busque em Deus o caminho! Ele é a fonte da paciência, bondade, compaixão, perdão, alegria, verdade, justiça. E Ele quer que seus filhos tenham tudo isso!

E você, quer que o seu filho se sinta amado? Então, primeiro, se encha desse amor, doe e, sem sem dúvida, ele se sentirá amado!


Tempo de qualidade é demonstração de amor que evita danos emocionais nos filhos #mãeculpada

Você vai errar, e tudo bem por isso!

Ainda falando de culpa, uma m˜ãe mencionou que a sua maior dificuldade na maternidade é o sentimento de culpa, como se estivesse errando todo o tempo.

Antes de mais nada, vale dizer que, se você como essa mãe, estiver mesmo errando o tempo todo, não é o sentimento de culpa que vai te tirar desse lugar.

Então, pare agora mesmo de usar ferramentas de autodepreciação, elas não te levarão a lugar algum.

O que você precisa é se responsabilizar e se apoderar do problema de forma consciente, conseguir pegar a chave das algemas e abri-las. Só isso será capaz de mudar as circunstâncias.

É aprender com os erros, repensar, diminuir os danos e evitar repeti-los. E saiba, que na maternidade esse ciclo de autorreflexão e atitude sempre se repetem. E está tudo bem!

O principal é entender que assumir responsabilidades é viver sem o peso da culpa. De maneira a ser uma pessoa cada vez melhor e capaz de crescer em amor e empatia pelos filhos.

Agora, no caso de erros reais peça perdão aos filhos! Isso não é sinal de fragilidade, mas de justiça e amor expressos não apenas em palavras nos momentos de alegria, mas em atitudes nos momentos difíceis.

Enfim, você precisa pegar mais leve consigo mesma. Com toda a certeza, uma mãe que ama, acerta bem mais do que erra. E muitas das vezes que erra, ainda erra por amor.

Conhece outra mãe culpada? Então compartilha com ela este texto!

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