Depressão e a vontade de morrer: como ajudar?

A depressão é o mal da sociedade moderna, por isso não é raro conviver com alguém que sofra do problema. Se você quer saber como ajudar alguém com depressão, leia o post!

Colunistas

34 artigos


19 de setembro de 2021

Tanto a depressão quanto o suicídio são situações de grande preocupação de forma geral. E, se um membro da sua família ou amigo vive um processo depressivo, surgem diversos medos. O maior de todos é de que isso acabe da pior maneira, porque a vontade de morrer é um dos sinais da depressão.

Mas, antes de tudo, é importante dizer que a depressão não se trata simplesmente de casos isolados, a doença é um mal global. Mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem com esse problema.

Sendo assim, a situação é de extrema importância e o assunto precisa ser abordado abertamente. Antes de tudo, é importante dizer que:

Depressão não é apenas “estar triste”

É, na verdade, muito mais! Estar com depressão é como perder o rumo, perder a bússola que dá direção à vida. Nada mais faz sentido. A vida perde a graça!

Para dimensionar o problema, pesquisas preveem que até o ano de 2030 a depressão será a principal causa de incapacidade para o trabalho.

Do mesmo modo como em outras doenças, a detecção precoce é essencial para ser capaz de tratá-la o mais cedo possível, o que favorece a cura.

Para isso, além de contar com profissionais de saúde, os familiares e pessoas do ambiente mais próximo podem ser a chave para perceber quando o outro não está bem.

Assim, estes grupos são fundamentais para o diagnóstico precoce e incentivo aos primeiros passos no tratamento.

No caso, esses primeiros passos se trata do tratamento baseado no acompanhamento, ou seja, simplesmente no “estar presente” na vida desta pessoa. E, acima de tudo, se importando sinceramente com ela.


A luz solar é essencial para prevenir e tratar a prevenção

Como acompanhar uma pessoa com Depressão?

Primeiramente, seja uma boa companhia para a pessoa deprimida. Saia com ela para passear, tomar sol, cozinhar etc.

Em outras palavras, faça coisas que normalmente dariam prazer para o deprimido. O simples fato de tirá-lo da cama já é um grande passo.

Às vezes, isso pode parecer muito simples, mas não subestime! Para uma pessoa com depressão qualquer atividade é extremamente difícil. A pessoa deprimida verdadeiramente não encontra coragem e nem energia para se levantar.

É por isso que ela precisa de alguém que cuide, que esteja ao seu lado e que sem julgamentos a ajude iniciar o processo de busca pela cura.

Por outro lado, um aspecto que adiciona complexidade ao assunto é o fato do depressivo, muitas vezes, sentir culpa por “ser um fardo” para a família e os amigos.

Definitivamente, é importante que aqueles que estão acompanhando o tratamento de uma pessoa com depressão, deixem claro que estão ali porque a amam e querem vê-la bem.

Nesse sentido, no processo de acompanhamento de alguém deprimido, leve em consideração algo extremamente importante:

Por vezes, o “querer estar presente” como apoio e ajuda pode resultar em negligência com o restante dos membros da família e amigos. Logo, esteja atento à situação, mas evite negligenciar os outros e até a si mesmo.

Ou seja, investir tempo em ajudar alguém com depressão não deve levar ao esquecimento de si mesmo. Ambos devem ser cuidados!

Sempre tenha o seu tempo para se divertir, descansar e comer bem. Não perca de vista os outros objetivos de sua vida. Do contrário, todo mundo ficará doente.

Depressão: quanto tempo dura o tratamento?

Ao se falar, especificamente, em processos de tratamento abrangentes, devemos saber que eles podem ser longos. Mas não podemos dizer exatamente quanto tempo leva o tratamento para vencer a depressão.

Isso porque algumas pessoas que sofrem de uma depressão branda se recuperam rapidamente. Já outras, talvez com sintomas mais graves, requerem mais intervenção e mais tempo de tratamento.

Assim, o mais importante é não deixar passar despercebido os sintomas de alerta, para depois não sofrer com a perda de alguém querido.

Mas falando do tratamento de forma abrangente, é necessário apoio farmacológico sob orientação de um psiquiatra.

Além disso, é indispensável o acompanhamento psicoterapêutico, pois ambos os profissionais visam condicionar o sistema nervoso para que funcione na sua forma ideal.

Da mesma forma, é importante saber que nem sempre força de vontade é suficiente para sair do quadro depressivo. A reposição de componentes químicos do cérebro, na forma de medicamentos, são fundamentais no processo. Tudo isso para que a pessoa possa voltar a tomar suas próprias decisões e se tornar independente novamente.


Alguns alimentos acentuam o quadro depressivo

Sintomas que merecem atenção

A vontade de morrer é um dos sintomas que permeiam a depressão. Porém, existem outros sinais que devem ser observados, como:

  • Isolamento
  • Ideias negativas persistentes
  • Dificuldade para dormir
  • Desesperança
  • Sensibilidade inconsolável
  • Choro constante
  • Mudanças repentinas de comportamento (como impulsividade)

Observe as expressões que uma pessoa manifesta. Por exemplo, frases como “eu preferia morrer”; “não aguento mais”; “acho que minha família ficaria melhor se eu não estivesse aqui”; “eu sou um peso para os outros”;  “as coisas não vão dar certo”; “não vejo saída”.

Diante desses relatos, não caia no erro de dizer: “acalme-se, isso não vai acontecer”; “deixa de besteira”; “você não tem motivo, está tudo bem!”; assim por diante.

Frases assim, por mais que sejam ditas com todo o amor do mundo, não mostram ao outro compreensão e empatia.

Portanto, o silêncio e um abraço compreensivo podem ser as melhores ferramentas que você tem para ajudar o outro a superar este momento de crise.

Com essa atitude, em clima de confiança, avance no processo de acompanhamento para as novas etapas de um tratamento necessário.

Seja presente, mas cuide de você!

Jamais esqueça que, durante todo o tratamento, a pessoa com depressão vai precisar sentir que não está sozinha, que tem alguém a quem recorrer, mesmo que seja apenas para desabafar um pouco.

Porém, quem se coloca à disposição para ajudar deve ter em mente a importância do cuidado consigo mesma, para que as próprias forças não vacilem, pois o processo pode ser longo, e isso requer força, perseverança e esperança.

Dr. Alan Kalbermatter (Especialista em Psiquiatria do Serviço de Bem-estar Mental do Sanatório Adventista de Plata / Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Adventista del Plata)

Voltar