Como prevenir o câncer? Entrevista com cirurgião oncológico

Mais de 1,3 milhões de pessoas na América Latina convivem com a doença. Saiba o que você deve fazer para ficar longe desta estatística.

Alessandra Guimarães

Jornalista e Mestre em Comunicação pela Cásper Líbero

44 artigos


4 de fevereiro de 2021

Dia 4 de fevereiro é o Dia Mundial do Câncer. Longe de ser um dia de comemoração, esta é uma data importante no calendário da saúde mundial. A cada campanha em combate à doença, há um aumento da consciência e educação em relação ao problema.

Como prevenir o câncer ainda é um dos principais questionamentos sobre o assunto. Por isso, convidamos o cirurgião oncológico e diretor do departamento de saúde da Igreja Adventista para oito países sul-americanos, Rogério Gusmão, para falar sobre o tema.

Este debate é importante, porque a corrida é contra o tempo! Só para 2019, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estimou mais de 600 mil novos casos de câncer no Brasil.

Por isso, saber o que fazer para prevenir o câncer ainda é o melhor remédio!

Antes de tudo, o que é o câncer? Todo tumor é câncer?

Câncer é um grupo de mais de uma centena de doenças diferentes, que tem sua origem no núcleo celular, fazendo com que uma célula, por diversos motivos, sofra uma mutação e passe a multiplicar-se de forma rápida e desordenada. Inclusive, podendo invadir outros tecidos, enviando células cancerígenas para outros órgãos, processo conhecido como metástases. Estas células cancerígenas, normalmente não cumprem as funções orgânicas do tecido original, mas se alimentam de forma intensa dos nutrientes providos pelo organismo. Cada espécie celular pode originar um câncer diferente, mesmo que seja do mesmo tecido.

Que pessoas estão mais suscetíveis a desenvolverem a doença?

Posso dizer que são cinco grupos diferentes de pessoas. Primeiro, quem já teve a doença uma vez, pois terá que conviver com a possibilidade de recidiva (volta da doença original). Além da possibilidade mais elevada para um segundo câncer primário (novo câncer diferente do original), uma vez que algumas defesas fisiológicas nesta pessoa não se mostrou tão eficiente.

Segundo, quem tem familiar que teve câncer, isso porque compartilhamos genes comuns com os parentes  e porque apreciamos os mesmos hábitos de vida com os familiares.

Terceiro, aqueles que mantém no estilo de vida hábitos de risco para o câncer como fumar, beber, alimentar-se mal e com exageros, exposição a radiação e sedentarismo.

Quarto, a obesidade, pois normalmente está relacionada com o estilo de vida e com a diabetes tipo 2, que também aumenta o risco para câncer.

Por último, a idade, embora o câncer possa ocorrer em qualquer faixa etária, ele é mais frequente em idades mais elevadas. Nesta fase da vida, ocorrem mais falhas no nosso sistema de multiplicação celular.

Quais são os hábitos de vida que favorecem o surgimento do câncer?

Comer mais do que o necessário, levando ao sobrepeso e a obesidade, ingerir alimentos com alto teor de gordura animal, embutidos e multiprocessados. Além disso, o uso em excesso de carboidrato simples, pois promove hiperinsulinemia, que também está associada a obesidade. Seguidas as causas alimentares, podemos ordenar o tabagismo, o sedentarismo, exposições a radiação e agentes agressivos externos, comportamento sexual de risco, infecção por vírus e bactérias e alcoolismo.

Qual o melhor remédio na prevenção contra o câncer?

O melhor remédio é um estilo de vida saudável. Manter um peso ideal, ter uma rotina de exercícios físicos e comer o necessário para sua idade. Fazer uso de uma dieta rica em verduras, frutas e cereais, com baixo teor de gordura animal e carboidrato simples. Se abster do tabagismo, comportamento sexual de risco e o excesso de exposição à radiação.

Por que o câncer não é um diagnóstico de morte?

Primeiramente, como acabamos de falar, existe prevenção! E, se mesmo com um estilo de vida saudável, a doença aparecer, os bons hábitos vão a favor ao tratamento.

Segundo, porque é uma doença curável. A maioria absoluta dos cânceres são curados e, alguns, até com certa facilidade quando diagnosticados no início da doença. Por isso, é importante sempre consultar o seu médico e realizar os exames de detecção orientados por ele.

E, por fim, porque é uma doença tratável. E, mesmo que o estágio de descoberta não ofereça chances de cura, ainda assim existem tratamentos que podem fazer com que a doença seja tratável por muitos anos, sendo possível controlar o problema e manter uma boa qualidade de vida.

O que você pode dizer para alguém que recebeu este diagnóstico recentemente?

Primeiro de tudo, escolha um centro de tratamento especializado com profissionais experientes no tratamento e acompanhamento desta enfermidade. Além disso, confie nos profissionais escolhidos e no tratamento implementado.

Não perca tempo, faça a sua parte no menor tempo possível, não fuja e não enrole. Por mais que se sinta assustado enfrente o problema de frente e com confiança.

E, por fim, busque apoio! Além do profissional, o apoio familiar, dos amigos e de Deus, pois essas bases vão trazer a força necessária para vencer.

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