Imersos numa sociedade ambivalente, exigente e estereotipada, é quase um dilema mental possuir uma relação com os alimentos de forma positiva!
Isso porque vivemos sob a influência de modas e teorias que estão longe de oferecer uma nutrição integral, que envolva saúde mental, física, social e espiritual.
Por consequência de padrões estéticos impostos pela sociedade, homens e mulheres sofrem com distúrbios alimentares, ou seja, possuem uma relação negativa com os alimentos para manter o “corpo perfeito”.
Em contrapartida, empresas multimilionárias vendem a ideia que determinados alimentos – com alto teor de açúcar, gordura e farinha refinada – trazem felicidade para quem os consome. Um preço muito alto para a saúde.
Ao mesmo tempo, o discurso de alguns profissionais em nutrição diz que podemos comer de tudo, mas com moderação. Ao meu parecer isso soa como: “você pode adoecer, mas com moderação”.
Então chegamos a uma distorção mental e emocional quanto a uma relação saudável com a comida, perdidos num mar de teorias.
![Mulher oriental comendo coxa de frango com ketchup](https://files.adventistas.org/querovidaesaude.com/2020/07/rela%C3%A7%C3%A3o-com-os-alimentos-como-e-a-sua.jpg)
Diante de tudo isso, existe uma saída?
Sim, pois somos autores da nossa saúde. Dessa forma, precisamos tomar as rédeas dela de forma responsável.
Mas antes, é importante entender que tipo de relação com os alimentos você possui e como funciona o processo.
- Relação positiva:
São aquelas que facilitam o bem-estar, ajudam no crescimento individual ou coletivo e permitem um aporte positivo na vida.
Ou seja, ter uma relação positiva com os alimentos é compreender que a boa alimentação é parte essencial para a saúde, e uma ferramenta poderosa para a longevidade.
- Relação tóxica:
A relação tóxica é a relação que gera dano ou machuca de forma constante. Trazendo para o contexto deste artigo, o que nos leva a continuar uma relação tóxica com os alimentos?
A seguir, vou explicar a relação de amor que o teu cérebro tem com a comida e a razão da dificuldade em cortar este relacionamento tóxico.
Resposta da salivação
A salivação é um processo de estimulação das glândulas gustativas e todos estes conectores estão altamente relacionados com o nosso cérebro. Portanto, quanto mais salivação, mais estimulação o cérebro tem.
Contraste dinâmico
Tem a ver com as sensações físicas e cerebrais da combinação de dois ou mais elementos na comida em um único produto.
Por exemplo, os biscoitos recheados são crocantes na parte de fora e macios por dentro, causando este contraste e aumentando a vontade de consumí-los
Por outro lado, as batatas fritas, fininhas e crocantes, dão a falsa sensação ao cérebro que este é um alimento saudável, por ser leve e ultrafino.
Saciedade sensorial específica
O cérebro se cansa de comer sempre a mesma comida, por isso, vai emitir sinais para obter a sensação de saciedade de um alimento específico. Assim, vai nos levar a buscar outro alimento e assim obter os nutrientes necessários para o corpo.
No entanto, a comida de plástico é concebida para inibir este processo, enviando a mensagem ao cérebro de que é boa e nova constantemente.
Registro de experiências prazerosas
Quando comemos, isso nos gera prazer. E o cérebro faz o registro desta sensação. Por isso, ele irá ansiar e buscar por outras experiências como esta.
No caso, este registro de experiências prazerosas com a comida é um dos mais identificados fatores emocionais que nos levam a ter relações fortes e duradouras com a comida.
Descubra se a sua relação com os alimentos é tóxica ou não
Certamente, é preciso fazer perguntas para saber como funciona a sua relação com os alimentos. Então, reflita:
- Você come por ansiedade, estresse, tédio ou sensação de solidão?
- Deixa de comer por medo de engordar?
- Tem algum distúrbio alimentar como bulimia, anorexia ou outros?
- Ao comer, você tem sentimentos de culpa?
- Sua preocupação está concentrada na quantidade ou nos nutrientes?
- A sua fome é constante?
- Passa a vida fazendo dieta?
Se a sua afirmação foi positiva para a maior parte das perguntas, provavelmente a sua relação com os alimentos não é boa!
Esse tipo de relacionamento com a comida pode levar a uma série de situações emocionais como círculo de culpa, rótulo social e enfraquecimento da vontade de comer.
Consequentemente, esses hábitos podem conduzir a distúrbios alimentares, como se reprimir na hora da refeição ou viver uma vida em dieta.
Como obter uma relação saudável com os alimentos?
Primeiro, é importante definir: o único objetivo da comida é nutrir o corpo. Ela não é feita para dar amor, levantar o ego ou socializar. Ainda que seja um meio, este não é o seu fim.
Porém, muitas pessoas associam a comida com o carinho e isso é o caminho para desenvolver uma relação tóxica com os alimentos.
Segundo, conheça seu corpo e as necessidades que ele tem. Leia livros, assista vídeos, consulte, conheça as teorias e depois fique com a que melhor se adapte à sua realidade e às suas necessidades orgânicas.
Afinal, ninguém melhor que você para estabelecer o que é mais conveniente para o seu corpo, mas para isso você precisa ser o autor.
Outra dica para ter uma melhorar a relação com os alimentos é: não armazene alimentos não saudáveis em casa. Se você sabe que pode fraquejar, inclua outra variedade de refeições, para dar ao cérebro o efeito de novidade.
Não cale suas emoções! Se você come por ansiedade, estresse, dor, solidão, etc, você está silenciando suas emoções. Faça uma reflexão sobre quais emoções estão te motivando a isso. Escreva o que você descobriu e busque um profissional para te ajudar.
E se você já alimenta bem, de forma saudável, mas mesmo assim vive num registro calórico compulsivo: você também deve procurar ajuda!
Fique atento!
É importante comentar que, o cérebro se esgota na tomada constante de decisões. Ou seja, se você tiver que pensar muito no que tem de comer e como comer de forma saudável, isso vai gerar esgotamento.
Por isso, planeje com antecedência seu regime de refeições por semana. Crie rotinas e hábitos saudáveis. Isso vai evitar o cansaço mental, o esgotamento e as decisões impulsivas.
E se com este artigo você percebeu que a sua relação com os alimentos é complexa e altamente tóxica, não hesite em consultar um profissional de saúde mental. Isso será muito importante para a sua saúde como um todo!
“O que pensamos gera emoções, o que comemos também” Montse Bradford.
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Madeli Santos, meste em Psicologia Clinicaa e Neuropsicologia Educativa.
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