Relação com os alimentos: como é a sua?

Qual a sua relação com os alimentos? Eles te controlam? Ou você não come por medo de engordar? Descubra aqui qual sua relação com os alimentos!

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29 de julho de 2020

Imersos numa sociedade ambivalente, exigente e estereotipada, é quase um dilema mental possuir uma relação com os alimentos de forma positiva!

Isso porque vivemos sob a influência de modas e teorias que estão longe de oferecer uma nutrição integral, que envolva saúde mental, física, social e espiritual.

Por consequência de padrões estéticos impostos pela sociedade, homens e mulheres sofrem com distúrbios alimentares, ou seja, possuem uma relação negativa com os alimentos para manter o “corpo perfeito”.

Em contrapartida, empresas multimilionárias vendem a ideia que determinados alimentos – com alto teor de açúcar, gordura e farinha refinada – trazem felicidade para quem os consome. Um preço muito alto para a saúde.

Ao mesmo tempo, o discurso de alguns profissionais em nutrição diz que podemos comer de tudo, mas com moderação. Ao meu parecer isso soa como: “você pode adoecer, mas com moderação”.

Então chegamos a uma distorção mental e emocional quanto a uma relação saudável com a comida, perdidos num mar de teorias.

Mulher oriental comendo coxa de frango com ketchup
A sua relação com os alimentos pode afetar sua saúde mental

Diante de tudo isso, existe uma saída?

Sim, pois somos autores da nossa saúde. Dessa forma, precisamos tomar as rédeas dela de forma responsável.

Mas antes, é importante entender que tipo de relação com os alimentos você possui e como funciona o processo.

  • Relação positiva:

São aquelas que facilitam o bem-estar, ajudam no crescimento individual ou coletivo e permitem um aporte positivo na vida.

Ou seja, ter uma relação positiva com os alimentos é compreender que a boa alimentação é parte essencial para a saúde, e uma ferramenta poderosa para a longevidade.

  • Relação tóxica:

A relação tóxica é a relação que gera dano ou machuca de forma constante. Trazendo para o contexto deste artigo, o que nos leva a continuar uma relação tóxica com os alimentos?

A seguir, vou explicar a relação de amor que o teu cérebro tem com a comida e a razão da dificuldade em cortar este relacionamento tóxico.

Resposta da salivação

A salivação é um processo de estimulação das glândulas gustativas e todos estes conectores estão altamente relacionados com o nosso cérebro. Portanto, quanto mais salivação, mais estimulação o cérebro tem.

Contraste dinâmico

Tem a ver com as sensações físicas e cerebrais da combinação de dois ou mais elementos na comida em um único produto. 

Por exemplo, os biscoitos recheados são crocantes na parte de fora e macios por dentro, causando este contraste e aumentando a vontade de consumí-los

Por outro lado, as batatas fritas, fininhas e crocantes, dão a falsa sensação ao cérebro que este é um alimento saudável, por ser leve e ultrafino.

Saciedade sensorial específica

O cérebro se cansa de comer sempre a mesma comida, por isso, vai emitir sinais para obter a sensação de saciedade de um alimento específico. Assim, vai nos levar a buscar outro alimento e assim obter os nutrientes necessários para o corpo. 

No entanto, a comida de plástico é concebida para inibir este processo, enviando a mensagem ao cérebro de que é boa e nova constantemente.

Registro de experiências prazerosas

Quando comemos, isso nos gera prazer. E o cérebro faz o registro desta sensação. Por isso, ele irá ansiar e buscar por outras experiências como esta.

No caso, este registro de experiências prazerosas com a comida é um dos mais identificados fatores emocionais que nos levam a ter relações fortes e duradouras com a comida.


A relação com os alimentos e os fast-foods

Descubra se a sua relação com os alimentos é tóxica ou não

Certamente, é preciso fazer perguntas para saber como funciona a sua relação com os alimentos. Então, reflita:

  • Você come por ansiedade, estresse, tédio ou sensação de solidão?
  • Deixa de comer por medo de engordar?
  • Tem algum distúrbio alimentar como bulimia, anorexia ou outros?
  • Ao comer, você tem sentimentos de culpa?
  • Sua preocupação está concentrada na quantidade ou nos nutrientes?
  • A sua fome é constante?
  • Passa a vida fazendo dieta?

Se a sua afirmação foi positiva para a maior parte das perguntas, provavelmente a sua relação com os alimentos não é boa!

Esse tipo de relacionamento com a comida pode levar a uma série de situações emocionais como círculo de culpa, rótulo social e enfraquecimento da vontade de comer.

Consequentemente, esses hábitos podem conduzir a distúrbios alimentares, como se reprimir na hora da refeição ou viver uma vida em dieta.

Como obter uma relação saudável com os alimentos?

Primeiro, é importante definir: o único objetivo da comida é nutrir o corpo. Ela não é feita para dar amor, levantar o ego ou socializar. Ainda que seja um meio, este não é o seu fim. 

Porém, muitas pessoas associam a comida com o carinho e isso é o caminho para desenvolver uma relação tóxica com os alimentos.

Segundo, conheça seu corpo e as necessidades que ele tem. Leia livros, assista vídeos, consulte, conheça as teorias e depois fique com a que melhor se adapte à sua realidade e às suas necessidades orgânicas.

Afinal, ninguém melhor que você para estabelecer o que é mais conveniente para o seu corpo, mas para isso você precisa ser o autor.

Outra dica para ter uma melhorar a relação com os alimentos é: não armazene alimentos não saudáveis em casa. Se você sabe que pode fraquejar, inclua outra variedade de refeições, para dar ao cérebro o efeito de novidade.

Não cale suas emoções! Se você come por ansiedade, estresse, dor, solidão, etc, você está silenciando suas emoções. Faça uma reflexão sobre quais emoções estão te motivando a isso. Escreva o que você descobriu e busque um profissional para te ajudar.

E se você já alimenta bem, de forma saudável, mas mesmo assim vive num registro calórico compulsivo: você também deve procurar ajuda!

Fique atento!

É importante comentar que, o cérebro se esgota na tomada constante de decisões. Ou seja, se você tiver que pensar muito no que tem de comer e como comer de forma saudável, isso vai gerar esgotamento.

Por isso, planeje com antecedência seu regime de refeições por semana. Crie rotinas e hábitos saudáveis. Isso vai evitar o cansaço mental, o esgotamento e as decisões impulsivas.

E se com este artigo você percebeu que a sua relação com os alimentos é complexa e altamente tóxica, não hesite em consultar um profissional de saúde mental. Isso será muito importante para a sua saúde como um todo!

“O que pensamos gera emoções, o que comemos também” Montse Bradford.

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Madeli Santos, meste em Psicologia Clinicaa e Neuropsicologia Educativa.

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