Sinusite ou rinite? Doenças do frio chatas de lidar

Sinusite ou rinite? No inverno, os casos de doenças respiratórias aumentam consideravelmente. Veja como ficar longe delas!

Marcela Borges

Enfermeira, mestre em Saúde Pública

28 artigos


11 de julho de 2023

É só a temperatura começar a cair que os hospitais e centros de saúde passam a receber pessoas com queixas respiratórias. “É sinusite ou rinite?”, uma dúvida que o próprio dono do nariz entupido precisa responder sem, muitas vezes, saber a resposta sobre o problema.

Quem aqui já passou por isso?

De fato, as “doenças do frio” dão as caras em bando, principalmente porque os ambientes estão com baixa circulação de ar. Assim, com janelas e portas fechadas aumenta a disseminação de vírus e bactérias.

Além disso, como a água da torneira muitas vezes está congelante, as pessoas tendem a lavar menos as mãos. Resultado: aumentam as chances de levar agentes infecciosos para olhos e boca.

Seja como for, sinusite ou rinite, a questão é a mesma: no inverno a qualidade de vida tende a cair por conta da incidência dessas doenças!

Neste post vamos falar dessas “ites” do inverno e compartilhar algumas dicas naturais e outras recomendações que ajudam a prevenir ou tratar essas doenças do frio.

Primeiramente, saiba que:

Sinusite e rinite são problemas diferentes

De acordo com o artigo da Biblioteca Virtual de Saúde, escrito pelo médico Dráuzio Varella, sinusite é uma “inflamação das mucosas dos seios da face, região do crânio formada por cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos”. 

Ou seja, a sinusite é um processo inflamatório que acontece nas cavidades dos ossos do rosto, motivado pelo acúmulo de secreção nesta região.

Essa acúmulo ocorre por dois motivos: alterações anatômicas que não dão conta de drenar a secreção ou processos infecciosos/alérgicos que facilitam a instalação de germes, que muitas vezes ocorrem por conta da imunidade baixa.

A saber, os sintomas mais comuns da sinusite são:

  • Irritação na garganta
  • Dor ao redor dos olhos ou do nariz
  • Dor de cabeça constante
  • Sensação de peso no rosto ou na cabeça principalmente ao abaixar
  • Coriza, Congestão nasal
  • Secreção nasal amarela ou esverdeada
  • Acessos de tosse
  • Febre e cansaço

Sinusite crônica ou aguda?

Embora existam estas duas classificações, os sintomas da doença aguda e crônica são semelhantes. O que vai marcar a diferença entre os dois tipos de sinusite é o tempo de duração dos sintomas.

Enquanto na sinusite aguda os sintomas desaparecem em 4 semanas, no processo crônico os sintomas ultrapassam 12 semanas e costumam ocorrer por conta de sinusite aguda não curada ou bactérias resistentes.

Então, na presença dos sintomas indicativos de sinusite, que estejam acompanhados de febre, secreção purulenta pelo nariz e dor intensa na face, a procura por um médico especialista (otorrinolaringologista) é imprescindível.

mulher com as mãos no rosto como se estivesse sentindo dor na face
A diferença da sinusite aguda com a crônica está relacionada com o tempo dos sintomas: mais do que 12 semanas de sintomas já é considerado um caso crônico.

Cuidados que ajudam a prevenir a sinusite

Uma vez que que gripes e resfriados mal curados favorecem o surgimento da sinusite, alguns cuidados domésticos podem ajudar na recuperação, evitando o agravamento da inflamação. Como:

  • Beber bastante água
  • Pingar 2 a 3 gotas de solução salina no nariz
  • Fazer inalação (com soro fisiológico ou solução salina)
  • Evitar ar condicionado

Se acaso você não sabe diferenciar gripe e resfriado, nós preparamos este post que explica as principais diferenças entre eles, já que os sintomas se confundem mesmo!


Vaporização com eucalipto ajuda na sinusite

Você vai precisar de:

  • 5 gotas de óleo essencial de eucalipto
  • 1 litro de água fervente

Como fazer:

Coloque a água fervente numa vasilha e adicione as gotas do óleo essencial. Cubra a cabeça com um pano e inale o vapor. Respire o vapor profundamente por até 10 minutos, repita 2 a 3 vezes por dia.

Caso não se tenha óleo essencial também é possível fazer a vaporização com o chá das folhas de eucalipto.

Plantas medicinais para vaporização: camomila para rinite alérgica e tosse irritativa; orégano e eucalipto para expectorar e sinusite.

Sinusite ou rinite? Rinite!

Inegavelmente, a rinite alérgica é outro problema que adora aparecer – ou piorar – no período do inverno. O clima seco, a mudança brusca na temperatura, o uso de roupas guardadas por longo período entre outros fatores contribuem para que haja a inflamação da mucosa nasal.

Resumidamente, o nariz funciona como um poderoso filtro do sistema respiratório. Assim, qualquer entrada de agentes que o corpo entende como prejudicial ao funcionamento dos pulmões faz com que haja uma reação brusca.

Ou seja, essa reação nada mais é do que os próprios sintomas característicos da rinite: nariz entupido, nariz escorrendo, espirros, coceira e dificuldades em sentir cheiros.

Por isso podemos dizer que a crise de rinite é uma reação exagerada do corpo ao entrar em contato com alguma substância que reconhece como um vilão.

Apesar de qualquer organismo reagir com a entrada de substâncias tóxicas e irritantes, quando os sintomas persistem já podemos dizer que se trata de uma rinite crônica.

A rinite e alguns gatilhos:

  • Mudança de temperatura
  • Ácaros no ambiente doméstico (em cortinas, tapetes, almofadas)
  • Pelos de animais
  • Fungos
  • Fumaça
  • Alguns alimentos (ultraprocessados, laticínios, temperos fortes)
  • Mofo
  • Pólen
  • Essências, perfumes ou qualquer cheiro mais forte
  • Bactérias e vírus

Além da sinusite ou rinite

Embora a gente tenha dado destaque para a sinusite e rinite, existem outras doenças que ganham espaço nos dias frios. Problemas como otite, amidalite, faringite e laringite (uau, quantas ites) também engrossam a lista dos desconfortos que acompanha a época do frio.

Infecção no ouvido: otite média

Antes de tudo, é preciso entender que o ouvido pode ser dividido em três partes. A primeira parte é o ouvido externo, canal onde se forma a cera.

Depois vem o tímpano, conhecido como parte média do ouvido. E, por fim, a parte mais interna onde fica o labirinto.

De forma geral, a otite é resultado de um resfriado, gripe ou rinite alérgica que levaram ao acúmulo de secreção no ouvido médio, causando o tipo mais comum de otite. Já a infecção no ouvido externo ocorre por causa de umidade, e é uma otite mais branda.

A saber, o primeiro sintoma da otite é a dor, que se apresenta intermitente e constante com piora quando se comprime logo à frente da orelha.

Além disso, essa dor pode irradiar para a cabeça ou o pescoço, do mesmo lado do ouvido afetado. Em caso de uma otite média, boa parte do tratamento é feito com antibióticos.

Enquanto que na otite externa, o tratamento é mais brando, geralmente com solução em gotas de uso local, mas sempre receitado pelo médico.

Prevenindo a otite

No caso, em crianças que mamam no peito, é preciso evitar amamentação com a criança na posição deitada. Nesta posição é frequente que uma pequena quantidade de leite se infiltre no canal auditivo causando a inflamação.

Outra dica também, que vale para crianças e adultos, é que para evitar a otite externa, é preciso secar bem a parte externa do ouvido depois do banho e da prática de atividades aquáticas.


Amidalite é uma das famosas “ites” do inverno

Do mesmo modo, outra famosa “ite” do inverno são as amidalites provocadas por vírus (mais comum em crianças), bactérias (comum em jovens e adultos) ou a associação dos dois agentes, provocando:

  • Coceira
  • Dor de garganta
  • Falta de apetite
  • Mau hálito
  • Dificuldade para engolir
  • Dor no ouvido (em alguns casos)
  • Inchaço dos gânglios do pescoço e da mandíbula (em alguns casos)
  • Pus amarelado nas amídalas e camada amarelada na língua

Uma vez que a transmissão ocorre por gotículas expelidas pela tosse, espirro, beijo ou objetos pessoais compartilhados, a taxa de transmissão da amidalite é muito alta.

No entanto, as amidalites não são graves. A maioria desaparece espontaneamente. Contudo, procure um médico caso:

  • Os sintomas durem mais de 4 dias sem sinal de melhora
  • Houver dificuldade para respirar
  • A dor e a dificuldade de engolir impeçam de comer ou beber

Dicas naturais para auxiliar no tratamento convencional

A fim de auxiliar no tratamento convencional prescrito pelo médico para combater a amidalite, algumas receitinhas naturais também podem ajudar.

Por exemplo, gargarejos com água morna salgada; água morna, limão e sal ou água com bicarbonato – 2 vezes por dia. Esses agentes antibacterianos auxiliam no alívio dos sintomas e combate o agente infeccioso.

Além disso,

  • Beber bastante água
  • Aumentar o consumo de alimentos ricos em vitamina C
  • Prefira o consumo de alimentos líquidos ou pastosos

Como evitar a amidalite?

  • Lavar as mãos com frequência
  • Não beijar ninguém nos lábios se estiver com um resfriado ou dor de garganta
  • Evitar ambientes com ar-condicionado, pois rdiminui a resistência das amídalas
  • Tomar muito líquido para hidratar as mucosas;
  • Quando se tratar de amidalite bacteriana, não deixar de tomar os remédios prescritos pelo médico só porque os sintomas desapareceram. O medicamento deve ser tomado pelo período determinado para evitar complicações da doença;
  • Não se automedicar. Medicamentos usados sem indicação podem favorecer o desenvolvimento de bactérias resistentes.

Inflamação na faringe: faringite

Do mesmo modo, a faringite também é famosa no tempo frio. Ela é uma inflamação na garganta que pode ser provocada tanto por vírus, quanto por bactérias.

No caso de faringite viral, os vírus causadores podem ser adenovírus, coronavírus, rinovírus, influenza ou parainfluenza. Também ocorrer em consequência de um resfriado ou gripe.

Além de infecções das vias respiratórias, a faringite também costuma acompanhar as amidalites.

Da mesma forma que as outras infecções, apenas o médico consegue definir com precisão se a dor de garganta é proveniente da faringe ou amídala, pois o sintomas e até mesmo as causas são muito semelhantes.

Mas veja alguns dos sintomas da faringite:

  • Dor intensa, vermelhidão e inchaço na garganta
  • Dificuldade para engolir
  • Rouquidão
  • Febre
  • Aparecimento de pequenos carocinhos doloridos no pescoço

No caso, o tratamento da faringite varia de acordo com os sintomas e a causa. Ou seja, se é viral ou bacteriana.

Mas, independente da causa, é importante incluir ao tratamento os cuidados de permanecer em repouso e ingerir bastante líquido.

Outro cuidado importante é com a alimentação. Evite alimento muito quente ou gelado. Também procure falar menos, para evitar a tosse e, assim, machucar ainda mais esta região.

Atingiu a laringe? É laringite

Finalizando, dentro do grupo das famosas “ites” de inverno está a laringite, que é a inflamação na mucosa da laringe, parte superior da traquéia.

Do mesmo modo que outros problemas já citados, a laringite pode ter causa viral ou alérgica.

Nesse sentido, ela pode ser aguda, causada por uma infecção viral como num resfriado comum. Ou crônica, provocada pelo uso excessivo da voz, infecções graves, reações alérgicas e inalação de agentes irritantes (como fumaça de cigarro). 

Em geral, os sintomas são:

  • Falta de apetite
  • Febre
  • Dor ao engolir e falar
  • Coriza
  • Tosse
  • Rouquidão

Algumas vezes esses sintomas se intensificam e são associados a falta de ar e inchaço nas vias respiratórias, o que faz com que o ar passe “assobiando”.

Assim, o tratamento consiste em medicamentos para aliviar os sintomas e, dependendo do caso, antialérgicos.

Além disso, o tratamento para laringite depende dos sintomas, mas o repouso da voz e a inalação de vapor aquecido aliviam o desconforto e ajudam na cura da área inflamada.

Logo, a principal estratégia utilizada no tratamento da laringite é a inalação de ar umidificado, como a inalação do vapor do chá de eucalipto que possibilita a melhora em pouco tempo. A receita está lá em cima!

Por fim, pacientes com laringite devem beber bastante líquido, ficar em repouso, não forçar a voz, evitar inalar fumaça ou poeira e diminuir as suas atividades evitando esforços.

Em resumo

Agora você consegue diferenciar se é sinusite ou rinite. Afinal de contas, é nesta época do ano onde elas mais se manifestam. Além disso, deu para entender um pouco mais sobre as outras famosas “ites” que gostam de fazer uma visita nesta estação.

Quer seja sinusite, rinite ou qualquer outra “ite”, o principal é tomar alguns cuidados específicos para manter a saúde no inverno:

Afinal, o que a gente deseja é que você consiga evitar o encontro com esses desagradáveis problemas do inverno.

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